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tualmente, é comum as pessoas buscarem um novo gatinho após já terem um ou dois. Afinal, “quanto mais, melhor!”, não é mesmo?!  Mas para nossos amados felinos, esse pensamento deve ter muita cautela na hora de ser executado e é recomendado um bom acompanhamento veterinário na adaptação de gatos

Afinal, quais são esses cuidados? Será se é realmente indicado uma casa com vários bichanos? Como melhor apresentar um novo gato se você já possui um ou mais felinos? Continue nesse texto que iremos te apresentar um pouco da adaptação de gatos para uma convivência feliz entre todos!

Entendendo seu gato

Antes de falarmos sobre a introdução e a adaptação de gatos, precisamos entender alguns pontos importantes do comportamento natural deles e também como se comunicam. Ao compreender esses pontos, a comunicação e a relação com seu gato fica mais simples, prática, respeitosa e afetiva.

Os felinos se comunicam principalmente através de odores e “cheiros individuais”, chamados de feromônios, e também através de sua postura corporal - corpo e rosto. Através dos cheiros, um gato é capaz de identificar sua casa, seus tutores, seus amigos e “inimigos” (outros felinos, pessoas e até cães) e também identificar se o ambiente é seguro ou oferece ameaça a ele. Já através da postura corporal, um gato é capaz de avisar como ele se sente (se está amigável, em dúvida, com medo ou pronto para reagir, entre outros).

Os feromônios, citados anteriormente, são substâncias produzidas pelo próprio gato e transmitem informações importantes sobre o ambiente para os outros felinos. São de extrema importância na comunicação de emoções entre bichanos, ou seja, é através deles que seu gato identifica se o outro felino é amigável ou não, se é macho ou fêmea, se um gato passou pelo local e como ele estava (feliz, triste, assustado).

Os principais locais de produção desses feromônios estão localizados no rosto (bochechas e orelhas), entre os dedos, em toda a cauda e, principalmente, na base dela. Cada local desse deixa um “cheirinho” diferente que serve para o outro como uma forma de identificar o que o outro gato está “falando”: os feromônios do rosto estão associados à marcação amigável, enquanto que os das patinhas estão correlacionados à marcação por arranhadura.

Temos sempre que levar em consideração os comportamentos básicos e para que eles servem na visão de um gato, bem como os feromônios presentes. Vamos listar alguns desses comportamentos que têm a função de comunicação:

  • Comportamento de afiar as unhas por arranhadura de superfícies: todos sabemos que gatos adoram arranhar locais como sofás, camas e troncos de árvores, mas você sabe o motivo deles fazerem isso? O comportamento de arranhar para os gatos tem função além de afiar e descascar as unhas. É uma importante forma de marcação territorial e de comunicação entre gatos. Através da arranhadura, eles liberam feromônios que comunicam sobre seu estado de segurança, felicidade e de território. Por isso, promover arranhadores para seu gatinho é muito importante!

  • Comportamento de brincadeiras: é natural ao gato caçar, mas sabemos que deixar seu felino caçar animais silvestres (como pássaros, insetos e lagartixas) não é uma boa ideia, pois além de riscos de doenças, temos o risco de desequilíbrios na fauna natural. Ao “caçar”, um gato é capaz de comunicar ao outro um pouco da organização social entre eles e a divisão da “presa” é um indicativo de amizade entre eles.

  • Comportamento de autolimpeza: cada gato tem seu cheiro individual que funciona como a identidade dele. Esse cheirinho é criado através dos rituais de banhos diários e também com a ação de feromônios (no caso, faciais). Um felino ao limpar o outro, chamado allogrooming, é um importante passo de boa comunicação e convivência entre gatos.

  • Comportamento de banheiro: todo gato gosta de privacidade e conforto ao usar a caixinha de areia, mas sabia que xixi e cocô fora da caixinha também tem função de comunicação? Em ambientes inseguros e que possam existir conflitos, as necessidades fisiológicas em outros locais servem como comunicação para marcação territorial.

Além de compreender a importância e a função desses comportamentos, é importante também ler o seu gatinho. Isto é, saber o que a postura corporal dele está dizendo. Através da leitura do corpo e do rosto do seu felino, conseguirá saber se ele está amigável, com medo, desconfiado ou pronto para correr ou revidar alguma possível ameaça.

Aqui temos duas imagens em forma de escalas que indicam exatamente o que seu gatinho quer te dizer ao se portar de uma maneira específica:

Fonte: Adaptado de Feline Behavior Guidelines AAFP (2004).

Gatos em posição ofensiva ou defensiva podem responder com comportamentos de agressividade e essa informação é extrema importância na adaptação de gatos. 

Se reconhecer que um dos gatinhos está nessas posições é essencial separá-los e reiniciar todo o processo, pois brigas entre felinos podem ser graves com lesões profundas e perigosas. Não arrisque a sua integridade ou do seu gatinho!

Atenção: gatos não resolvem conflitos como os cães! Isto é, quando há brigas entre eles, elas irão apenas aumentar e se intensificar sem estabelecer limites de tolerância.

Durante os processos de adaptação esteja sempre atento à postura corporal de todos os gatinhos envolvidos!

Introduzindo um novo gato em casa

Agora que você já sabe os princípios dos comportamentos naturais e da comunicação corporal do seu gatinho, conseguimos detalhar mais sobre o processo da adaptação de gatos. Então, vamos lá!

Antes de adotar um novo gato considere:

  • O seu espaço físico: ele comporta mais um gato com suas necessidades básicas (caixinha de areia, pote de ração e água, arranhadores e prateleiras)?
  • Seu outro gato: ele é um pet sociável? A saúde dele está em dia? Para além de vacinas e vermífugos, o check-up anual está em dia? Um novo gatinho requer muita atenção veterinária no primeiro momento e considerar sua condição financeira é de extrema importância para que não haja negligências. Veja aqui tudo que você precisa saber sobre a vacinação de gatos. 
  • Diferenças de idades entre os gatos: são idades próximas ou distantes; diferença de raças e também do sexo; todos esses pontos influenciam na energia e na intertação entre eles. 
  • Você possui tempo disponível para essa nova adaptação? Cada gato é um animal diferente e esse processo pode demorar longos meses.

Ponderou sobre as perguntas e está tudo de acordo e em ordem para aumentar a família? Vamos aos pontos básicos para que essa introdução seja tranquila e com maior possibilidade deles serem amigos!

Vale ressaltar que cada gato é um gato e tem sua própria personalidade. E que em alguns casos, um felino não aceita o outro, independente do que seja feito. Por isso, é sempre recomendado que processos de adaptação de gatos sejam acompanhados por um médico veterinário que conheça bem o comportamento dos bichanos.

De maneira geral, dividimos o processo de adaptação de gatos em:

  1. Divisão de cheiros e espaços: separar totalmente cada gato em um local para que não haja apresentação abrupta de um novo cheiro que possa ser interpretado como uma ameaça ao felino residente;
  2. Troca de cheiros entre os gatos para apresentação gradativa e interpretação da aceitação de um com o outro;
  3. Troca de objetos entre os gatos, como arranhadores e brinquedos, para intensificar a troca dos cheiros e também de feromônios;
  4. Iniciar interações através de barreiras físicas que não permitam o contato visual e direto entre os gatos;
  5. Associação positiva, como brincadeiras e sachês, entre os gatos ainda com a barreira física presente, geralmente ainda com a porta do cômodo totalmente fechada;
  6. Apresentação gradativa entre os gatos, como através de uma fresta da porta ou porta transparente (tela ou vidro) por poucos minutos e algumas vezes ao dia. O tempo e a frequência dessa apresentação sempre começa com poucos minutos e vai aumentando de acordo como gato responde; 
  7. Troca de ambiente de cada gato, isso é, um rodízio de ambientes que consiste em permitir que um felino explore o local do outro;
  8. Permitir o encontro visual completo e livre entre eles, sempre associando boas interações (como petiscos, sachês e brinquedos).

Cada passo tem seu tempo de duração individual e depende de cada gato e ambiente. Podendo ser necessário mais medidas complementares para o sucesso da adaptação. Por isso, sempre busque o auxílio de um médico veterinário nesse processo.

Está com algum processo de adaptação de gatos em sua casa ou pretende adotar mais um gatinho? Que tal conversar com nossa equipe veterinária para um suporte mais individualizado nesse processo? Nós, da Guiavet, estamos à disposição para te ajudar. Entre agora em contato com a gente

Postado em
April 13, 2023
na categoria
Comportamento

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