eis de julho foi a data escolhida para o Dia Mundial das Zoonoses. A Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou a campanha nesta data em comemoração à primeira aplicação da vacina antirrábica, que foi ministrada por Louis Pasteur, em 1855, na França. Na oportunidade, o cientista imunizou um menino de 9 anos que havia sido mordido por um cão com raiva.
Ainda segundo a OMS, atualmente, há mais de 200 milhões de zoonoses e, por isso, a campanha foi criada para chamar atenção sobre as doenças transmitidas entre animais e pessoas. Mas por que é tão importante falarmos sobre esse assunto? Como podemos, de fato, combatê-las? Como proteger a nossa família e os nossos animais? Continue a leitura que falaremos mais sobre esse assunto abaixo!
Você sabe o que é saúde única e por que a saúde dos nossos pets é tão importante para a nossa saúde?
Vivemos em um mundo cheio de outros seres humanos como nós, que interagem conosco todos os dias. São a nossa família, nossos amigos, vizinhos… Cada um interage de alguma forma e, com isso, algumas doenças também podem ser transmitidas entre nós.
Mas no nosso dia a dia, as outras pessoas não são os únicos que participam dessa interação social: os animais estão muito presentes na nossa vida também, sejam os nossos pets, animais silvestres ou aqueles que não são muito bem-vindos, mas que inegavelmente convivem conosco pelas cidades, como os mosquitos, ratos e baratas.
E todos nós, humanos ou animais, convivemos com um ambiente que também interfere na nossa saúde: temos as plantas, o ar, vários micro-organismos, o solo, a água, entre vários outros elementos.
E o que a saúde única tem a ver com tudo isso?
A saúde única é a tríade que conecta a saúde humana, a saúde animal e a saúde ambiental, e que preza por um equilíbrio entre elas. Pesquisadores que defendem a saúde única acreditam que não existe qualidade em uma das três saúdes quando as outras duas estiverem ruins, uma vez que não existe um contexto em que elas se separem.
Por esse motivo, como sociedade, é importante entender que a saúde dos animais, plantas e de tudo que está à nossa volta está comprometida, isso pode impactar diretamente na nossa saúde. E é por isso que é tão importante falar sempre sobre as zoonoses e trabalhar com a sua prevenção.
Um exemplo muito claro de como a saúde dos animais e ambiental interferem na saúde humana está no caso da leishmaniose. Quando mantemos o ambiente sujo, com muita matéria orgânica em decomposição, criamos um ambiente para o mosquito-palha se reproduzir com facilidade e se alimentar do sangue de um animal contaminado. Em seguida, ele pode picar um humano e transmitir a doença entre espécies. Por outro lado, se cuidamos do ambiente e garantimos a saúde dos animais à nossa volta, conseguimos garantir a proteção também dos humanos que convivem por ali.
De acordo com um documento divulgado pelas Nações Unidas, cerca de 70% de todas as doenças que os homens têm são também comuns aos animais. Assim, quanto mais entendermos sobre elas e a saúde dos animais que vivem à nossa volta, estaremos mais preparados para nos manter saudáveis também.
O que o SUS diz sobre a Saúde Única?
No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, o termo "saúde única" também é utilizado como uma forma de integrar os serviços que cuidam da saúde como um todo, tentando cada vez mais minimizar as fragmentações e descontinuidades no atendimento e na promoção da saúde.
A abordagem do SUS sobre o tema considera a saúde como resultado das condições de vida, do acesso aos serviços de saúde e da capacidade de enfrentar os determinantes sociais, econômicos e ambientais que afetam a saúde das pessoas.
Sendo assim, mesmo que focado primariamente no cuidado da saúde humana, é entendido que todas as variantes do contexto social de uma pessoa podem interferir em sua vida. E com isso, cada vez mais são criadas ações que promovam o controle ambiental e das zoonoses dentro das ações do SUS, com campanhas de prevenção e tratamento às doenças zoonóticas.
E o que vai acontecer com a saúde humana caso as outras saúdes sejam afetadas?
Em 2019, uma interação entre morcegos e humanos causou a pior pandemia que a humanidade já viveu, e ainda sofremos bastante as consequências disso. É aceito pela comunidade científica que a interação com animais silvestres e humanos foi a provável fonte de início da Covid-19, que causou muitas perdas humanas e econômicas e ainda assusta muito a nossa sociedade. Não gostaríamos de reviver o que passamos nos últimos anos, não é mesmo?
Sobre esse contexto, em 2020, as Organizações das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório chamado “Preventing the Next Pandemic: Zoonotic Diseases and How to Break the Chain of Transmission”, no qual ela afirma que as próximas pandemias provavelmente seriam de ordem zoonótica e seriam profundamente afetadas pelo ambiente em que vivemos e a interação com ele.
Esse relatório analisou as causas do surgimento e disseminação do coronavírus e de outras doenças que eram comuns entre seres humanos e animais, e determinou que as enfermidades zoonóticas eram mais negligenciadas em comunidades que possuem problemas complexos de desenvolvimento humano, como populações pobres, com pouco ou nenhum acesso à saneamento básico, descontrole populacional de animais domésticos, contato direto e constante com animais de produção e silvestres, baixa escolaridade e disparidades sociais.
De acordo com esse documento, caso a humanidade não se preocupe em prevenir as doenças de cunho zoonótico, isso é, não se atente com a interação com os animais e a forma como interagimos com o nosso ambiente, uma próxima pandemia poderá surgir em breve.
Como nós podemos ajudar no contexto de Saúde Única?
A seguir, listamos algumas maneiras em que nós, seres humanos, podemos ajudar a promover a Saúde Única:
- Preocupando com a nossa saúde e a saúde das outras pessoas à nossa volta;
- Prevenindo contra as principais doenças através da vacinação e as diretrizes repassadas pelos profissionais de saúde;
- Mantendo a saúde dos nossos pets em dia, e realizando a vacinação periódica;
- Não deixando os nossos pets dar “voltinhas” desacompanhados nas ruas;
- Conversando com o médico veterinário sobre a prevenção das doenças zoonóticas;
- Mantendo a nossa casa e os ambientes que vivemos sempre limpos e organizados;
Não adquirindo animais advindos do tráfico de espécies; - Respeitando os ambientes naturais que visitamos e não interagindo com animais silvestres desnecessariamente.
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