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ocê que é tutor de gato talvez já tenha esbarrado com esse nome por aí: tríade felina ou triadite. Ou até mesmo já tenha recebido esse diagnóstico para seu bichano.

Mas afinal, o que é a tríade felina? Quais os sinais e os componentes dela? Como é feito o diagnóstico e o tratamento? Tríade felina tem cura? São tantas informações que às vezes nos perdemos, não é mesmo?! Por isso, neste texto iremos abordar um pouco mais sobre ela, buscando deixar tudo de forma mais clara para você, pai e mãe de gato.

O que é tríade felina?

Primeiramente, temos que definir o que é a tríade felina. A tríade é definida como a “inflamação de três órgãos” ao mesmo tempo, sendo esses órgãos o pâncreas, o fígado e o intestino. Logo, a tríade felina é definida como o acontecimento ao mesmo tempo de pancreatite, colangiohepatite/colangite e doença inflamatória intestinal.

A tríade é delicada e bastante complexa, já que possui fatores inflamatórios, imunes e também infecciosos envolvidos. Até os estudos atuais não há predisposição de idade, porte ou raça para maior acometimento da tríade.

Por que os gatos podem apresentar a tríade?

Sabe-se que a principal causa da tríade (ou triadite) se dá nos felinos por causa de uma particularidade deles no sistema digestório. Os três órgãos são extremamente próximos um dos outros, além do que os ductos pancreático e biliar são conectados em uma única saída no duodeno, o que facilita a translocação bacteriana entre esses órgãos, causando assim o acometimento dos três ao mesmo tempo.

Quais são os principais sinais da tríade? 

Como a triadite é uma manifestação de três comorbidades ao mesmo tempo, os sinais clínicos são inespecíficos e bastante variados, ou seja, não há um único sinal característico dessa desordem.

Os principais sinais são:

  • Vômitos agudos;
  • Diarreia;
  • Febre;
  • Dor abdominal à palpação;
  • Apetite caprichoso, seletivo ou diminuído; 
  • Abdômen mais dilatado (“inchado”); 
  • Aumento da ingestão hídrica e de urina;
  • Perda de peso;
  • Coloração amarelada em mucosas (olhos, boca, pele).

Um dos principais sinais e que merece muita atenção é a diminuição do apetite ou o seu gato simplesmente parar de comer. Pode parecer algo momentâneo e sem importância, algo que “logo melhora e ele volta ao normal”, mas o parar de comer é apenas a “ponta do iceberg" e indica que muitas outras coisas podem estar acontecendo e seu gatinho já pode estar com alguma doença mais preocupante.

Muito tempo em jejum para um gato traz diversas complicações, como a instalação da lipidose hepática (outra doença associada ao fígado), além de piorar a condição geral dele e intensificar a causa base.

Esses sinais podem também variar de acordo com a intensidade e cada bichano os manifesta de uma forma. Ao notar qualquer um desses sinais com seu gatinho, não hesite em buscar o suporte veterinário, pois quanto mais tempo se passa sem a intervenção adequada, maiores as chances de piora e de que outras doenças se instalem.

Afinal, o que causa a triadite?

Como dito anteriormente, a triadite é a presença concomitante de pancreatite, colangiohepatite/colangite e doença inflamatória intestinal, mas afinal o que pode desencadear o surgimento de cada uma delas?

As principais causas são:

  • Pancreatite: pode ser causada por toxinas, infecções bacterianas, traumas (lesões diretas na parte abdominal do gato), viroses, parasitas, algumas medicações e até alimentos;
  • Colangite: pode ocorrer como consequência da lipidose hepática, viroses, toxinas, infecções da vesícula/trato biliar, shunt portossistêmico (condição em que há desvio da irrigação sanguínea e causa acúmulo de endotoxinas), diabetes, hipertireoidismo;
  • Doença inflamatória intestinal: é uma condição ainda não completamente elucidada, muitos gatos apresentam a inflamação do intestino por sensibilidade alimentar ou de forma idiopática (sem causa determinada), parasitismo intestinal, deficiência de vitaminas, infecções bacteriana, toxinas e doenças autoimunes.

Logo, o surgimento de qualquer uma dessas doenças já predispõe a evolução do quadro para tríade felina, já que a inflamação ou infecção presente em um dos órgãos pode se “espalhar” para os outros.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da tríade felina é bastante desafiador, pois envolve diversas etapas e o diagnóstico individual de cada doença. Logo é preciso uma investigação minuciosa sobre o histórico de vida do gato (vacinas, medicações prévias - com ou sem acompanhamento, alimentação, rotina e fatores estressores), além de um excelente exame físico identificando o desconforto à palpação abdominal e outros sinais de dor ou alterações condizentes com a desordem.

Além do histórico e exame físico, exames complementares também são essenciais para fechar o que está acontecendo com o gato acometido, pois já que as causas podem ser diversas, as manifestações sistêmicas também são muitas. Portanto, se torna essencial verificar se há anemia, alterações das funções do fígado ou rim, entre outros. 

Os principais exames realizados são:

  • Hemograma: análise das células do sangue;
  • Bioquímicos: análise de como os rins e fígado estão funcionando;
  • Dosagem de vitamina B12: importante indicador de doença inflamatória intestinal;
  • Lipase pancreática específica felina: abreviada por SNAP Spec-fPL, auxilia a identificar se há alterações pancreáticas;
  • Ultrassom abdominal: permite a visualização direta dos órgãos e a identificação de inflamação e outros processos, como presença de massas e nódulos.

Outros exames também podem ser necessários de acordo com o estado geral do paciente. Pacientes mais críticos, que geralmente estão internados sob monitoramento, podem precisar também de exames específicos para verificar a coagulação e teste imunorreativo de tripsina para identificar as enzimas pancreáticas digestivas.

Em alguns casos, intervenções cirúrgicas para análise por biópsia dos órgãos também se faz necessária. A biópsia pode ser feita por cirurgia direta (laparotomia) ou guiada por ultrassom. Cada caso tem sua necessidade individual e precisa de uma avaliação particular. 

Importante lembrar que nenhum desses exames de forma isolada é capaz de confirmar ou descartar a ocorrência de uma ou outra doença, sendo necessário a interpretação em conjunto dos resultados com os sinais clínicos do gato.

Tríade felina: tratamento

O tratamento é específico de acordo com a causa base de cada uma das doenças, além do suporte necessário àquilo que o gato estiver apresentando no momento. Pode ser necessário a internação, seguido de fluidoterapia e medicações endovenosas. 

Pode ser necessário também o uso de antibióticos, alimentação assistida por sondas, suplementação mineral, suplementação de enzimas pancreáticas, alimentação específica, entre outras tantas abordagens médicas. Por isso, é muito importante seu gatinho ser bem acompanhado pelo seu médico veterinário de confiança.

Nunca medique seu gato por conta própria! Muitas medicações quando utilizadas no momento errado podem agravar o quadro geral e até gerar uma doença.

É possível prevenir a tríade?

Infelizmente não. Não há nenhuma forma de impedir o desenvolvimento da mesma, mas é possível reduzir os riscos do seu gato desenvolver. 

Para isso, é recomendado sempre buscar revisar possíveis fontes de intoxicação em sua casa (como plantas, medicações e até alimentos), acompanhamento preventivo da saúde do seu gatinho com exames complementares e visitas periódicas, vacinação anual (sim! Vacinação reduz as possibilidades virais e bacterianas), alimentação sempre de boa qualidade e água  fresca à disposição. 

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Postado em
June 29, 2023
na categoria
Saúde

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